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Título: Construções discursivas de reexistência : um estudo em análise de discurso crítica sobre marchas de mulheres no Brasil
Autor(es): Tobar Acosta, María del Pilar
Orientador(es): Resende, Viviane de Melo
Coorientador(es): Nascimento, Wanderson Flor do
Assunto: Análise de discurso crítica
Feminismo
Marcha Mundial das Mulheres
Marcha das Margaridas
Marcha das Mulheres Negras
Data de publicação: 21-Ago-2018
Referência: TOBAR ACOSTA, María del Pilar. Construções discursivas de reexistência: um estudo em análise de discurso crítica sobre marchas de mulheres no Brasil. 2018. 408 f., il. Tese (Doutorado em Linguística)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.
Resumo: Este estudo partiu de uma inquietação epistemológica acerca da potência da(s) violência(s) como processo fundamental para a conformação de práticas sociais, bem como do potencial de resistência expresso por grupos minoritários em termos de poder (SEGATO, 2003; QUIJANO, 2014; GROSFOGUEL, 2010). Mapeei nós focais de que e para que convergiam distintas atividades discursivas realizadas na articulação de três marchas de mulheres que ocorreriam em 2015: a Marcha Mundial das Mulheres, a Marcha das Margaridas e a Marcha das Mulheres Negras. Baseada na vertente latino-americana de Análise de Discurso Crítica (RESENDE, 2008, 2009; RAMALHO; RESENDE, 2011; PARDO; RUIZ, 2016), e em diálogo com pensamentos latino-americanos e africanos (MOGOBE, 1992; NGOENHA, 1993; MIGNOLO, 2000; GROSFOGUEL, 2008; NASCIMENTO, 2010), realizei um esforço pela estruturação de um método de pesquisa solidário – a metodologia da oprimida (FREIRE, 2015; GAUTHIER, 1999; HARAWAY, 1995). Para responder às questões da pesquisa, estruturei um conjunto de procedimentos de caráter etnográfico (GEERTZ, 1975) e de etnografia virtual (HINE, 2000) a partir dos quais coletei e gerei textos que tematizavam as marchas em foco. A abordagem por que optei foi a de focalizar processos discursivos prototipicamente relacionados ao significado identificacional. As análises permitiram acessar aspectos da estética da reexistência constituída pelo trabalho de si realizado por protagonistas das marchas focalizadas. Esse trabalho de si, pela solidariedade inerente à reexistência, desdobra-se como trabalho das outras e para as outras, em que a atitude das mulheres cujas práticas investiguei inclina-se fortemente ao compromisso e à responsabilidade com todas as mulheres. Cada uma das marchas apresenta especificidades caracterizadas pelos saberes vivenciais de suas protagonistas. A Marcha Mundial das Mulheres traz para a cena de lutas feministas a dimensão internacionalista, que permite reunir forças pelo seu enraizamento em diferentes territorialidades. A Marcha das Margaridas oferece ao mundo um conjunto de tecnologias, como o cuidado e a afetividade, que podem ser empregados para fazer política de outro modo. A Marcha das Mulheres Negras, realizando-se como marcha à vez declaratória, reivindicatória e contestatória, marca um momento significativo de construção de um lugar de fala dessas mulheres. Assim, as marchas de mulheres que tinham como lastro distintos processos históricos convergiram em Brasília em 2015, construindo um marco de resistência aos processos de violação que foram agudizados naquele momento pelo golpe em curso no Brasil. Ao mesmo tempo essas marchas legaram, a partir de performances identitárias cujo centro tonal é o ethos solidário, perspectivas sonhadas por mulheres reunidas para a realização de um porvir outro, erigido pela beleza de uma vida em que a causa da existência vem de dentro de nós mesmas, numa estética da reexistência.
Abstract: This study stemmed from an epistemological concern about the power of violence as a fundamental process for the conformation of social practices, as well as the potential for resistance expressed by minority groups in terms of power (SEGATO, 2003; QUIJANO, 2014; GROSFOGUEL, 2010). I mapped three focal nodes regarding the direction to which the discoursive activities converged in three women marches in 2015: the World March of Women (Marcha Mundial das Mulheres), the March of Margaridas (Marcha das Margaridas), and the March of Black Women (Marcha das Mulheres Negras). Based on the Latin American strand of Critical Discourse Analysis (RESENDE, 2008, 2009; RAMALHO; RESENDE, 2011; PARDO; RUIZ, 2016), and in dialogue with Latin American and African thoughts (MOGOBE, 1992; NGOENHA, 1993; MIGNOLO, 2000; GROSFOGUEL, 2008; NASCIMENTO, 2010), I employed the solidary research method - the methodology of the oppressed (FREIRE, 2015; GAUTHIER, 1999; HARAWAY, 1995). In order to answer the research questions, I structured a set of ethnographic procedures (GEERTZ, 1975) and virtual ethnography (HINE, 2000), from which I collected and generated texts that themed the marches on focus. I chose to focus on discursive processes prototypically related to indentificational meaning. The analyses made it possible to access aspects of the esthetics of re-existence constituted by the work itself carried out by the protagonists of the marches researched. This work on itself, by means of the solidarity inherent to re-existence, unfolded as the work of others and to others, whereby the attitude of the women whose practices were investigated showed a strong inclination towards the commitment and responsibility to every woman. Each march presented specificities characterized by the own experiential knowledge of its protagonists. The World March of Women brings to light the international dimension of the feminist fight that enables gathering forces in different territorialities. The March of Daisies offers to the world different technologies with care and affection that may be employed to another way of politics. The March of the Black Women, a march that is at the same time a march of declaration, reclaiming, and contestation, marks a significant moment where these women are raising their voice. Thus, the marches of women who suffered from historical processes converged in Brasilia in 2015, building a framework of resistance to the processes of violation that were exacerbated at the time by the coup in Brazil. At the same time, from identity performances whose tonal center is the solidarity ethos, the marches offer a legacy of perspectives dreamed together for another future, erected by the beauty of a life in which the cause of existence comes from within ourselves, in an aesthetics of re-existence.
Licença: A concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.bce.unb.br, www.ibict.br, http://hercules.vtls.com/cgi-bin/ndltd/chameleon?lng=pt&skin=ndltd sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra disponibilizada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.
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