A formação do fisioterapeuta na perspectiva das diretrizes curriculares nacionais e das competências no âmbito da promoção da saúde

Abstract

Nos últimos anos os debates em torno dos determinantes sociais na saúde e a construção de novas estratégias para abordar problemas básicos trouxeram novas demandas para formação na área da saúde destacando a importância da construção de competências para uma atuação, para além, das técnicas. As competências para Promoção da Saúde (PS) tem sido construídas e validadas no âmbito internacional, com destaque para o Projeto Europeu CompHP. No Brasil, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Fisioterapia (DCN/FISIO) estabelecem um conjunto de competências visando orientar uma formação com perfil generalista, crítico e reflexivo dialogando com os domínios de competências estabelecidas para PS. O objetivo geral desse estudo é analisar o perfil de formação e as competências gerais da formação do fisioterapeuta tomando como referência as Diretrizes Curriculares Nacionais e as competências de promoção da saúde, como orientadores das práticas dos profissionais da saúde. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, do tipo exploratório e descritivo realizado em duas Instituições de Ensino Superior (IES) da cidade de Goiânia/GO. Os participantes da pesquisa são docentes e estudantes dos cursos de fisioterapia. Os dados foram coletados por meio de análise documental; a realização de grupos focais com os docentes e estudantes dos respectivos cursos. Os resultados apontam que as competências gerais previstas nas DCN, articulam-se com as da promoção da saúde na perspectiva da CompHP, entretanto no contexto dos cursos estudados, constatou-se dificuldades no desenvolvimento das competências gerais preconizadas pelas DCN e para Promoção da Saúde, como: falta de articulação do processo formativo com a rede de atenção básica do SUS; o currículo com enfoque reabilitador, cuja tendência é a de preparar o futuro profissional com um perfil especialista, voltado para a atuação em nível terciário da atenção a saúde. Pode-se concluir, respeitando-se os limites do presente estudo, que o modelo de formação do fisioterapeuta, no caso das duas instituições de ensino, ainda está centrado na doença com predominância no modelo biomédico, a formação oferecida parece estar desarticulada com o contexto atual de saúde e com o foco no desenvolvimento de competências para uma formação generalista, critica, humanista e reflexiva.